As cabeças rolarão, não haverá piedade, clemência ou salvação. Contato e envio de textos: cabecascortadas@gmail.com

Pietra.

Pietra desequilibrou-se, despencando do chão. Com uma pancada, seu nariz batera no chão de taco, fazendo assim uma poça de sangue. A mulher levantou-se atordoada, sentindo uma horrível dor no seu nariz, supostamente fraturado. De joelhos no chão, virou-se calmamente tentando segurar-se na parede. De olhos semicerrados, avistou duas pernas atrás de suas costas.
Assustada, Pietra sentiu seu corpo sendo puxado por uma mão forte, e seus cabelos serem apertados por uma outra mão. Mesmo gritando, não conseguia soltar-se. As mãos puxavam seu corpo em direção a escada, que parecia embaralhar-se em sua vista. Virando a cabeça, não conseguiu ver o rosto do individuo que a arrastava, mas avistou suas pernas vestidas por uma calça jeans.
Pietra rolou da escada quando as mãos soltaram seu corpo trêmulo. Batendo a cabeça no penúltimo degrau, sentiu o sangue morno escorrer pelo seu semblante cálido. Aterrorizada, levantou o pescoço, tentando correr e escapar para fora dali. Os passos vieram rapidamente pela escada, e foi quando a mulher sentira seu corpo ser puxado novamente, mas dessa vez fora pelas pernas. Enquanto gritava, chacoalhava seu corpo para tentar se libertar ia sentindo seu corpo sendo arrastado pelo carpete da sala, e as luzes brancas da cozinha iam iluminando sua face de puro horror.
Fechou os olhos por um instante. Foi nesse momento no qual seu corpo parou de ser arrastado. Pietra virou os olhos, avistando os pés da sua mesa; já estava na cozinha. Abrindo a boca por um segundo, inspirou todo ar que pôde, ouvindo apenas o ruído de sua respiração arquejante. Estava imóvel, sem mover um músculo sequer. Podia sentir até o suor escorrendo pelo seu rosto.
Foi quando um frio terrível percorreu por toda sua espinha. O ruído metálico da lâmina de uma faca ecoou pelos seus ouvidos. Abriu a boca, mas não conseguia gritar. Foi então que levantou o corpo, ficando de quatro no chão e logo após, cambaleante, correu até a porta. Apertando a maçaneta, gemeu de dor ao perceber que estava trancada a porta. Não havia escapatórias. Virando-se lentamente, fechou os olhos e começou a chorar. Lágrimas misturadas a gemidos de dor.
Abrindo os olhos, sentiu a vista embaralhar com as lágrimas. Abriu a boca para tentar gritar novamente, mas algo, com uma veloz agilidade, tapou-lhe a boca e o nariz com um pano. Pietra sentiu um gosto ruim na saliva, mas antes que pudesse cuspir, estava presa a uma forte sonolência. Seus braços e pernas iam ficando cada vez mais moles, enquanto as pontas dos dedos das mãos e dos pés iam formigando cada vez mais.
A última coisa que pôde ver, fora o contorno do estranho, parado ao lado do seu corpo caído, junto com uma faca empunhada em mãos. Após isso, apenas escuridão.

Leandro escreve:
http://caixaamarela.blogspot.com/, http://tropeceiemumaideia.blogspot.com/
Contato com o autor:
dii_lugh@yahoo.com.br